quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Batalha de Parentes: Botrytis Ginestet X Dalal Al Rehab

Hello gente cheirosa!

Prepara o popô em algum lugar confortável porque lá vem texto. 

Pois bem, ando meio na preguiça para postar resenhas, confesso. Tenho TANTA coisa boa pra sentir e falar que nem se fizesse 3 resenhas por dia venceria tudo no ano. E há dias que o nariz não ajuda. 

Comparar perfumes é um hábito que - acredito - seja mais comum do que se imagina. Até porque ultimamente "nascem" mais perfumes nas marcas designer do que chuchu em cerca, proliferam tanto que não conseguimos acompanhar. O resultado disso? Aquela sensação de "mais do mesmo". Muito comum em perfumes que fazem sucesso, outras marcas famosas fazem as suas versões (como o Royal Marina Diamond e o La Vie est Belle - outra batalha interessante) até chegar nas marcas que notadamente copiam os famosos e fazem os conhecidos contratipos. Vide Paris Elyseés, Geanne Arthes, Arno Sorel, Ulric de Varens....ih, o portfólio de marcas assim é imenso. E não esqueça das brasileiras. Algumas bem conhecidas fazem também  as suas versões de fragrâncias famosas.

Em pares, eles se parecem, e MUITO. 

Aqui venho com um embate interessante. Como comparar um perfume que veio a personificar uma marca francesa de Vinhos Bordeux com mais de 100 anos, dificílimo de encontrar,  à um attar (perfume em óleo) comprado nos emirados árabes à preço que chega a se ridículo devido à sua qualidade (U$3,20).

Eis que os apresento: 


BOTRYTIS GINESTET


Ginestet é uma casa de vinhos francesa fundada por Fernand Ginestet em 1837.

Em 2008, Ginestet começou a produzir fragrâncias inspiradas pelos aromas primários dos vinhos Bordeaux. 
Botrytis foi um dos primeiros. O conheci por meio de amostra em uma troca a alguns anos e a mantive muito bem guardada porque meu interesse cresceu muito, mesmo sabendo da epopéia que seria se realmente quisesse um frasco.

Suas Notas: mel, frutas secas, marmelo, flores brancas, âmbar, uvas, pão de gengibre.




DALAL AL-REHAB



Falei dos perfumes  e Attar da Al Rehab nesse post aqui. Aliás, passo basculhando seu portfólio, sempre interessante e que contempla tento perfumes com aquela pegada oriental pesada com madeira oud até "cópias" de perfumes mais conhecidos. Tem até um parecido com o Fantasy. 

Esses tempos atrás me desceu a "pomba-gira" do oriente, aquela que me faz escrafunchar ebays e sites do oriente médio atrás desses misteriosos óleos. Há perfumes como Eau de Parfum mas eu sempre acabo recorrendo aos óleos por dois motivos: são MUITO baratos e a experiência de usar um attar é completamente diferente do que em um perfume diluído em alcóol. 


Como a Al Rehab possui mais de 120 perfumes, é MUITA variedade e uma pesquisada é necessária para você não correr o risco de comprar gato por lebre. Tá certo que é barato, mas tem frete, vem de longe, demora, isso quando a receita não dá uma bela mordida com suas taxas alfandegárias. E foi nessas pesquisas que eu caí nesse verdolhoso. A opinião das pessoas no site em que eu comprei era muito positiva. Mas foi no amado idolatrado salve salve Fragrantica que o desejo de ter um frasquinho se acendeu feito uma lâmpada. 

Mon Dieu, um attar parecido com o Botrytis????Parecido, pasme, com o finado Escada Collection?

Aqui eu não acredito na possibilidade de cópia propriamente dita. Afinal....você conhecia o Botrytis? Já viu publicidade dele? Pois é. Até porque as notas do mesmo em nada parecem com o outro. Saca: laranja, baunilha, caramelo, sândalo. Combinação suculenta mas....será????  A pulga atrás da orelha virou um pulgueiro e pensei....vou pagar pra ver. Quem sabe não se torna uma deliciosa coincidência?

Como é do meu feitio, farei uma historinha para cada um deles. Resumidinha, porque senão o post não termina.

History line do Botrytis. 


Cozinha feita em madeira. Objetos de âmbar sobre um fogão à lenha quente. Aos poucos, o aroma de frutas secas e mel inunda o ambiente. Do forno você retira um belo panetone de frutas, mel e gengibre.

A saída ambarada-amadeirada, quase seca. Pode ser um pouco difícil aos afeitos em perfumes gourmands ou macios. Acredito que representa os tonéis que armazenam os vinhos durante a maturação (sabendo da história da marca) Aos poucos sente-se a inclusão das outras notas, quase como um aroma de panetone de frutas picante (seria o gengibre). Ele mantém  o âmbar que lhe dá um leve aroma que lembra incenso em meio às notas mais doces. Projeção e sillagem moderados, é mais rente à pele. Duração ótima, em torno de 8 horas. 

History Line do Dalal. 

Vale a pena ver esse clássico dos anos 80
Para o velharedo que lê, sinta-se naquele filme Querida, encolhi as crianças. Então você,  do tamanho de um percevejo,  entra dentro de um pote de doce de leite em ponto de fio. Sai com dificuldades, lambuzado, olha pra cima e vê um enorrme panetone de frutas, aqueles buracos e filamentos da reação química entre farinha-açucar-calor-fermento, o cheiro tenro, doce, cremoso. Um prato de madeira sustenta o panetonão. Nem pensa e se atira dentro da massa macia. 

Começa realmente como um panetone de frutas secas com calda de caramelo e baunilha. Forte, intenso, algo o deixa com um subtom oriental, mas não chega a ser incensado. E aqui está o detalhe que faz um attar....ser um attar. A projeção é MONSTRUOSA.  Sabe aquele perfume em que você adentra uma lada e o recinto inteiro cheira ao seu perfume? E essa força aumenta conforme a pele esquenta, isso é bem característico dos perfumes em óleo. Como a sua evolução -- quando ela existe - é lenta devido à falta de álcool. A sillage não se mostra muito grande devido à esse fator. Mas com a projeção que tem, ter uma sillagem igual o faria ficar insuportável.

Aliás, recomendo ver este vídeo do amado Daniel Barros falando sobre Projeção, Sillagem e Longevidade. Ah, visitem o canal dele aqui!


Duração do attar? Até você tomar o próximo banho. Não sai MESMO, gruda no osso, permanece forte do início ao fim. A única diferença é que a nota macia de sândalo aparece mais no final de sua lenta evolução. Aliás, tão lenta que quase não se nota, dá para dizer que se mostra linear. 


Veredicto sincero:

A hora da verdade(os perfumumólatras vão me matar) mas....o oleozinho árabe fez o lindo Botrytis desaparecer. O que eu mesma acho um absurdo. O fato é que tive de prová-los separadamente para chegar à uma conclusão. O dia que coloquei um em cada pulso, Dalal tomou conta do meu ser, da sala, das roupas onde eu toquei. O pobre Botrytis desapareceu. O que não quer dizer que ele não seja intenso. 


Iguais??? NOPE, não são, Seguem a mesma linha. Quem sentir em separado certamente confundirá um com o outro. Dalal é mais doce, pungente, quase escandaloso...e o mesmo aroma (linear) por mais de 24 horas (aquilo de você passar as 10 da manhã de um sabádo e acordar com ele no outro dia, e muito presente) Difere, Botrytis tem uma madeira caramelizada e melada com classe, não grita. Eu confesso que preferi a pungência e projeção do attar, escandaliza mais. Ambos parecem muito. Botritys é mais contido mais rente. Se tu não gosta da saída "pontuda" do Botrytis mas sim do corpo, da evolução, te joga no Dalal. Dura até o próximo banho. 


Dalal Eau de Parfum

A minha curiosidade agora? Conhecer a versão Eau de Parfum de Dalal e ver como se comporta. 

Óbvio que ter o frasco do Botrytis dentro do armário dá aquela sensação boa de saber que tu tens um difícil, quase inacessível. 

Mas, na falta do original, me contento com opções menos onerosas sem preconceito algum.

Ah, comprei eles nessa loja aqui


Aos poucos irei resenhando os outros attar que tenho aqui. E sim, há similares a perfumes conhecidos.

Bjxxx de K-Pax.

Fontes: Fragrântica, google, Al-Rashad Books, Canal do Daniel Barros.

3 comentários:

  1. Aiaiaiaiaiai, Dalal te quiero! Já tinha deixado as lombrigas atiçadas, Carla, agora elas estão em polvorosa! Quero mergulhar no panetonão agoraaaa...

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  2. Menina, você entende do babado! É uma pesquisadora! E a gente de deleita com suas descobertas. Bj

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  3. adorei o texto! vc escreve super bem e de uma maneira divertida!

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