terça-feira, 30 de setembro de 2014

O fingido: Resenha do Fragile Jean Paul Gaultier


Santa Ironia Batman!
Ou Melhor, titio Gaultier. Esse infant terrible....

Pessoal cheiroso, aqui estou again.  Coisa rara postar uma resenha depois da outra. Ou a minha imaginação anda afiada ou dei a sorte (ou azar...) de experimentar outro perfume de insight imediato.

Eu não possuo o belo e lúdico frasco de Fragile. Hoje, durante um dia chuvoso de trabalho chegou a pessoa que mais dá alegria à um apaixonado por perfumes.

Esse cara aqui: 
Felicidade de Perfumólatra vem das mãos do carteiro
Era uma caixinha de uma troca realizada com a querida Luciana Gentil De Tommaso. Então Lu, esta resenha foi feita em sua homenagem!

A própria Lu me mandou amostra de Fragile EDT porque precisava saber a minha impressão dele. A estranheza sentida por ela seria compartilhada pela minha pessoa também? Desafio dado, desafio realizado.

Provei.
Ó a minha cara ao sentir o perfume:


O nariz por trás de Fragile é o conceituadíssimo Francis Kurkdijian, criador de muitos da casa Jean Paul Gaultier como Classique, Le Male, Gaultier² (amor eterno) entre muitos outros. Nasceu em 1999. A intenção do mestre ao pontuá-lo com esse frasco aparentemente frágil,  uma embalagem que lembra caixa de encomenda carimbada e gritando esta característica é justamente brincar com o cliente que o leva.

Fragile pode ser tudo, mas a última coisa que ele se mostra é ser meigo e suave. Na verdade eu sinto falta de mais um símbolo na caixa, ou todos os demais abaixo.


Vamos encarar? Primeiro veremos a pirâmide do bonito:


Notas de Saída:
Tangerina italiana, coentro, gengibre, flor de laranjeira tunisiana, bergamota, anis estrelado, rosa

Notas de corpo:
cravo, tuberosa, Íris, jasmim, gengibre, ylang ylang, rosa

Notas de fundo:
âmbar, canela, almíscar, baunilha, cedro

Perceberam a salada que é essa pirâmide? Temos super-especiarias (coentro, anis, gengibre, cravo, canela), flores mega marcantes (tuberosas, ylang, jasmim e íris) sobre um prato de âmbar e muito, MUITO almíscar. 

A cena imaginada foi escalafobética, quiçá assustadora, já aviso. Mas, como sempre reitero, a experiência com um perfume é pessoal e ele pode se comportar de formas distintas em peles alheias. 

Você é homem. Caminha apressado pelas ruas do bairro de Georgetown, Whashington, já na escuridão. Veste um longo casaco negro e chapéu, carrega uma maleta consigo. A chuva cai sem mostrar sinal de parar, os becos entremeados por pontos de luz deixam a impressão de uma cidade fantasma, perigosa e indolente.

Pára um segundo e ouve algo atrás de si. Pego se surpresa, sente uma lancinante dor no rosto sem saber o que está a acontecer

A tontura o leva ao chão e a única visão que consegue ter em meio à confusão é um  soco inglês pingando parte de suas hemácias que já não residem mais em suas veias enquanto o seu agressor foge correndo. 

 Dor pulsátil, visão turva. O gosto metálico de sangue invade a sua garganta. Levanta-se e tenta recompor-se. Você precisa estar bem para o que irá enfrentar.

Chega até a casa e observa a luz lugrubriante que sai da janela. Ouve sons desconectos. Caminha até a porta e entra.

Está na cozinha. Ninguém é visto. Há uma panela no fogo onde chia azeite de oliva. Parece ter sido esquecida pois o cabo plástico derrete sob o calor do fogo. 

O ambiente mostra uma balbúrdia de elementos. Há um vaso com flores brancas como jasmins e tuberosas em franco esmaecimento. Sobre a simples mesa de madeira há temperos como coentro, canela, gengibre meio ralado, espalhados sem programação costumaz, como se a receita tivesse sido interrompida de chofre. Em outro ponto, gases com fluídos corporais diversos, unguentos de aspecto repugnante. Há cigarros já apagados e outro ainda queimando sobre um cinzeiro já cheio. 

Ouve um grito gutural. Mulheres gritam também. Você sai correndo em direção do som. 
Corta

Para quem fez o link, essa cena, com algumas modificações para adequar a experiência que tive é a do filme O Exorcista. Foi a primeira imagem que me veio à mente após o soco inicial. Sim, soco para ferir. Fragile abre te agredindo com um áspero acento metálico que me lembrou cheiro/gosto de sangue. Em segundos várias notas entram correndo, uma atrás da outra o que mostrou o exato cheiro de plástico queimado, derretido. Observando bem dá para perceber direitinho a picância do gengibre e aquele aroma picante/amadeirado/agridoce do coentro. 

Várias resenhas que li dele falam que a Tuberosa impera em toda a evolução. Não senti isso. Conheço tuberosas muito bem. Na verdade eu fujo de perfumes que a tem como tema principal.  Mas na pessoa aqui o que prevalesceu foram as especiarias nele contidas, que me levaram à linká-lo ao quente Kenzo Jungle L´Elefant (que resenhei aqui), que compartilha várias notas com este Gaultier. 

Em seguida, sinto como se alguém amassasse flores brancas esmaecidas com um pilão, misturasse à elas azeite de oliva morno e hidratante corporal. Um pouco bizarro, eu sei, mas o hidratante entra porque senti cremosidade provavelmente provindas do jasmim. E envolta disso tudo à notas enfumaçadas. O cigarro da cena. 

Permanece assim por horas, passa por uma fase quase animálica (diria que tem castoreum na pirâmide, mesmo não citada) até que enfim desmaia em um inusitado e delicioso fundo ambarado e cremoso, com um almíscar macio envolto em doce baunilha e polvorosa íris.

Pra você ver que todo filme de terror pode ter um final feliz. 

Confesso, não gostei nenhum pouco dele. Talvez essa experiência traumática esteja atrelada à uma amostra oxidada, quem sabe?

Procurarei outra amostra e caso for, venho me retratar!
A minha intenção não foi agredir os fãs do perfume, até porque gosto muito da ousadia da casa Gaultier. Caso você o sinta diferente, poste nos comentários!

A Adriana Meire fez uma resenha bem diferente da minha no I put a Perfume on You (leia aqui).

Acho que terei pesadelos esta noite...
Bjxxx de K-Pax. 

PS: Revelem alguns erros gramaticais. Resenhei atabalhoadamente. 

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Um Sopro Verânico: Resenha do Humboldt Fueguia


Olá cheirosos!

Pra quem me acompanha desde o início conhece bem o meu interesse pela casa de nicho Argentina Fueguia. Já resenhei o Biblioteca de Babel com toda a sua imponência amadeirada (você pode ler aqui) e tenho curiosidade por muitos outros.

Pois não é que em mais uma troquinha ocorrida em um grupo de perfumes do Facebook  a querida Carol Sharlau decantou um pouquinho do extrato que possui de Humboldt. Carol, sua linda, obrigadíssima por esta experiência única. A versão que ela me passou foi o extrato, o óleo e me disse que o Eau de Parfum é ainda melhor. Meus sais, melhor?

Em Fueguia há várias coleções de perfumes e Humboldt faz parte da coleção Personajes. 
Olha só a maneira da marca descrever o perfume:

"Por trás da névoa, o som de um índio mordendo um maracujá brilhante. Alexander Von Humboldt é seduzido pelo ar fresco".

No mínimo inusitado e que desperta curiosidade imediata. Sua pirâmide mostra apenas três notas (aliás, todos os Fueguias relatam apenas três notas em todos os seus perfumes). Aqui no caso são Bergamota, maracujá e tangerina.

E eu pensava que Bergamota e Tangerina era a mesma fruta, apenas mudava de nome devido aos reginalismos do país.  Não gente, não é! 

TANGERINA, do latin Citrus Reticulata


Perfil do odor: hesperídeo, mais doce que a laranja e com acentos de mel. 

BERGAMOTA, do latin Citrus Aurantiun subespécie Bergamia


Perfil do Odor: Cítrico, amargo e azedo com nuances frutadas que lembram o chá Earl Grey

Pesquisa é delícia por isso, sempre descobrimos coisas que não imaginávamos. Particularmente nunca fui chegada em fragrâncias cítricas. Ou melhor, achava que não gostava. Aliás, pra uma pessoa que coleciona e pesquisa sobre o assunto aprende a ver beleza até em perfumes que desagradam de início. 

Li sobre Humboldt e pensei...porque não? Bom, já é um Fueguia, só isso já basta para querer conhecer. 

Imagine-se em uma cozinha de casa de campo, rústica, com aquele jeitinho de casa de vó quando você a visitava nas férias de verão na infância.


 O vento quente que entra pela janela aberta alisa seus cabelos trazendo o aroma de grama recém cortada. Há no fogão uma panela com manteiga já a derreter. Ali você joga hortelã e manjericão. Vai até a fruteira e pega algumas tangerinas murcote (aquela da casca mais fininha), remove as cascas. Quase passadas, mas dá um belo suco. Alcança um maracujá, remove a polpa e joga junto com as tangerinas dentro do liquidificador. Ao invés de usar apenas água, tira da geladeira um litro de chá verde gelado e com ele faz um belo suco com as frutas.

Conseguiu "sentir o cheiro" desta cena? Gente, JURO que a saída me dá a sensação de notas verdes de grama, hortelã e, pasme, aquele temperado manjericão, só que amanteigados. Vai entender, o meu nariz captou exatamente isso. Manteiga aquecida com mangericão e hortelã. 

Só com essa saída inusitada já me ganhou.Aos poucos esse aspecto verde vai sumindo e dá lugar à uma tangerina dulcíssima, quase passada. Acredite gente, é muito bom o cheirinho, bem natural, da fruta mesmo. 



O maracujá entra logo depois, se juntando à tangerina mas ele não vem sozinho. Há algo verde, levemente armargo que me parece ser a folha do maracujá. Por bom tempo esse citrino adocicado é intenso e projeta muito. Já seu esmaecimento eis que senti a Bergamota. Como ela apareceu?

Tadãn!! Chá Verde!

Sim, isso mesmo, chá verde! Bem gelado e adoçado com açúcar mesmo, mas não muito. Dá pra sentir direitinho o aroma desse chá em particular, e pela descrição do odor da Bergamota, provavelmente vem dela. 

Meu novo amor aparecendo aqui novamente. 
Veredicto: Aprendi mais uma vez que assim como não se deve julgar um livro pela capa, NUNCA julgue um perfume apenas por sua classificação e notas. Experimente antes de qualquer conclusão. Eu desconfiava que gostava sim de fragrâncias cítricas. Bem, Light Blue de Dolce&Gabbana é unanimade nacional, Baiser Vole de Cartier também caminha por esse lado, e ele, o meu lindo salve salve já resenhado aqui, meu novo amor, Eau de Cartier é, advinha....um cítrico aromático.


NUNCA iria pensar que eu, escorpiana adoradora de orientais mais escuros iria se render ao frescor de perfumes cítricos.

Vivendo e aprendendo.....

Bjxxx de K-Pax

Fontes: Fragrântica e Google


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Um mergulho no Conforto: Resenha Eau de Cartier


Tenho uma historinha particular para contar à vocês. Todos os anos, geralmente no início de setembro, meu pai se reune com a sua turma de amigos e passam uma semana pescando no Pantanal. Indiada de homens, nem preciso dizer. Pois durante essas viagens eles sempre
dão uma passadinha no Paraguay e em todos esses anos (foram muitos) o pai sempre trazia presentes diversos para todos nós. 

Mas vocês acham que eu ganhava um perfume?
A minha cara de frustração
Eu não sei vocês, mas comigo acontece uma coisa engraçada: todos sabem que sou fissurada em perfumes....mas eu NUNCA ganho um perfume de presente em datas especiais.

Até acho que sei o porque. Justamente por saber que eu adoro a perfumaria, temem me dar algum que não esteja à altura do meu gosto particular.

Mal sabem que eu fico com os olhinhos brilhando até se ganhar uma lavanda Jonhson´s ou um Splash que imita algum Victoria´s Secret. Sendo cheiroso, está valendo.

Pois então....já imaginando que ele não compraria nenhum cheiroso pra mim, resolvi colocar um bilhete junto ao celular com os perfumes que queria (o outro é o Elixir des merveilles, que irei resenhar em breve). 

O final da história vocês já sabem até porque a foto produzida foi eu mesma que bati, e o meu frasco ainda é de 200 ml (Wohooo!!)

Eau de Cartier é um cítrico aromático e foi criado em 2001 por Cristine Nagel (a mesma criadora de Délices de Cartier e In Black Jesus Del Pozo).

Perceberam a contradição? Quem me conhece (ou lê o blog) sabe que a minha preferências são os orientais, as resinas, as especiarias, tudo o que remete ao oriente.

Mas percepções mudam, seu nariz muda, seu estilo acompanha isso. Diria que o meu cheirador anda mudando de uns tempos pra cá. Sim, os orientais continuam meus amados. Mas uma linha de perfumes tem me feito torcer o nariz: gourmands ultra-doces e frutados. Mas paro por aqui, comento sobre isso em outro post.

Bem, voltando ao perfume. Vamos ver as notinhas dele?


Pirâmide:


Saída: Coentro, Yuzu, Bergamota
Corpo: Folhas de violeta, lavanda, violeta
Fundo: Cedro, patchouli, almíscar, âmbar




Imagine-se degustando gomos de uma sumarenta bergamota, daquelas de escorrer caldinho no canto da boca em uma sala onde há aqueles vasinhos simpáticos de violetas. 


Violetas são delicadas, com aquelas folhas aveludadas e suculentas. Assim como a íris, a presença delas em perfumes tem o objetivo de atalcar, dar conforto à fragrância. E é justamente  essas violetas e suas folhas que me fizeram apaixonar, uma vez que cítricos não estão entre os meus preferidos.

Conforme evolui a presença do ambar, cedro e musk o torna um amadeirado confortábilíssimo, requintado, sabe cheiro de gente rica e limpa?

Posso dizer que entrou no Hall das surpresas do ano. Arrisquei comprar um perfume completamente díspare do que normalmente uso e me surpreendi. Certamente será o meu perfume de verão, fino, fresco, confortável. Durou em torno de 5 horas na minha pele, o que achei estupendo pela proposta que tem. Ah, e o sistema de trava no borrifador é fenomenal. 

Menção Honrosa ao Dênis do 1 Nariz, que o resenhou e foi justamente essa resenha que despertou a minha curiosidade. Você pode ler aqui

Bjxxxx de K-Pax

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Mesa Redonda: qual seria o aroma do Egito Antigo?

Eis que nos reunimos para mais uma conversa e o tema incutido foi....e se voltássemos  ao antigo Egito, qual cheiro teria o perfume dessa época?




Nunca fui muito boa em história antiga apesar de gostar. Na verdade sempre fui  e continuo sendo uma esmiuçadora do corpo humano, seus processos, como funciona, tudo isso me fascina. Aliás, quando garro amor em algum assunto, sai de baixo que eu destrincho até as moléculas. Até onde consigo ir. Mas, história antiga nunca foi o meu forte apesar do fascínio que causa ao estudá-la.

Desafio dado, pensei....como seria o nosso perfume? 

É óbvio que pensamos em Egito, lembramos dela, né vero?
Liz Taylor esplendorosa como a Raínha do Egito.

Egipcios utilizavam vários ingredientes para para a perfumação dos mortos, para oferecer aos Deuses, inclusive tinham templos com laboratórios destinados á preparação de perfumes. Incensos eram queimados em oferendas às divindades. O perfume tinha um papel importantíssimo por serem muito valiosos. Sim, até naquela época já havia segregação então, só utilizavam perfumes os grandes sacerdotes e reis.

E claro, qual a personagem mais conhecida? Sim, Cleópatra, imortalizada pela belíssima Elizabeth Taylor em seu papel mais marcante. 



Sua história é repleta de recortes pois não temos certeza absoluta se era de uma beleza transcedental ou simplesmente uma mulher comum mas de grande ambição pelo poder e se utilizava de vários rituais para seduzir. Banho hidradante com leite de burra e mel, além de composições como o kyphi (que seria provalmente uma mistura de vários ingredientes como mel, passas, canela, cedro, mirra, benjoim, resinas, labdanum entre outros). Provavelmente utilizava-se de Rosas, Jasmim e Absinto.

Pois bem, um perfume a meu ver deveria ter os seguintes ingredientes: muito incenso, mirra, especiarias como canela e cravo, frutas suculentas como pêssego, flores de diversos tons desde rosas e jasmins, resinas, madeiras como sândalo e cedro, vetiver. 

Ei, espera. Mas eu conheço um perfume assim, aliás, muitas pessoas até porque este perfume marcou quando foi lançado. Eis que falo deste belo aqui:



Opium de Yves Saint Laurent

Lançado em 1977, foi o ícone dos anos 80, um oriental especiado carregadíssimo, quase assustador. Sempre o correlacionei que seria o cheiro da Raínha Cleopatra pois aquele aroma associo à aridez do deserto, o vento quente que leva o aroma de areia e feno misturados aos incensos e especiarias utilizadas na perfumação daquela época.  

Deem uma olhadinha na pequena pirâmide que o compoe: 



Notas de Saída:
Coentro, ameixa, cítricos, tangerina, pimenta preta, jasmim, cravo, Louro da Índia, bergamota

Notas de Corpo:
Flor de cravo, sândalo, patchouli, canela, raíz de Orris, pêssego, Lírio do Vale, rosa

Notas de Fundo:
Ládano, Bálsamo de Tolu, sândalo, Opoponax, almíscar, coco, baunilha, benjoim, vetiver, incenso, cedro, mirra, castoreum, âmbar


Só de ler essa pirâmide dá para imaginar a opulência desse perfume. Perfeito para a rainha das raínhas! A saída é um punch de incenso com resinas, muito cravo e canela. Imita os unguentos de beleza e que  Cleopatra fazia nos seus rituais de embelezamento onde misturava esses ingredientes com alguma gordura afim de proteger a pele do clima seco e se perfumar.


Vetiver e patchouli se misturam à abertura inicial dando aquela baforada balsâmica, como o vento quente que carrega o aroma de areia e feno.

Enfumaçado,  quase dá para sentir a fumaça do incenso impregnar o ar misturando-se à madeiras muito antigas, à tapetes empoeirados e cheios de histórias.

Misterioso, quase incógnito, seu aroma deixa um ar de misticismo, de feitiçaria, se rituais pagãos realizados em lugares escondidos. E há também um ar animálico, de pele quente, aquecida.

A cara dela, vai dizer.
Depois de muitas horas exalando como se não houvesse amanhã, deita-se sobre uma cama feita de cedro, lençóis marcados pelo aroma do corpo que nele deitava. Quente, seco, quase masculino.

Certamente, se Cleopatra tivesse um perfume seria Opium. Há nele uma androginia pois assim como sinto traços de feminilidade agressiva, o masculino se apresenta na mesma forma com a força, o ar seco, as madeiras. 

Certamente, um perfume compartilhável, homens podem e devem usar.
O que, você não o conhece???
Bora achar um frasco para descobrir os encantos e mistérios da rainha do Egito. 

Os blogs amigos falaram deste mesmo tema. Vamos enriquecer ainda mais a experiência?


Dênis no 1nariz
Mariana na Estante Perfumada
Helen no Helen Fernanda
Juliana no Le Mond est Beau
Priscila no Parfumee
Lilia no Parfuns et Poesie
Elisabeth em Perfumes Bighouse
Cassiano no Perfumart
Dâmaris no Village Beauté


Bjxxx de K-Pax


Fontes:   www.mundialnet.org, http://denisebomfim.blogspot.com.br; http://aloucadosperfumes.com; www,historianet.com.br

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Batalha: La Vie Est Belle Lancôme X Royal Marina Diamond Marina de Bourbon

Olá Cheirosos! 
O blog anda meio abandonado né. Ok, percalços na vida, as coisas se ajeitam com o tempo e aos poucos voltarei com as resenhas. 

Hoje será diferente. Historinha primeiro, explicação depois.





"Festa pomposa, ambiente em meia luz, lustres pendentes, sofás confortáveis com almofadas. Observa as pessoas, conversam, riem, naquele conhecido ritual de sedução. Levanta-se e vai até a mesa onde há champanhe e ponche de frutas . Alcança uma taça, sente seu aroma borbulhante enquanto não resiste e pega um pedaço de doces e suculentos pêssegos que decoram os demais pratos. Embeve-se da mistura ardida da bebida com o doce da fruta. Uma elegante mulher se aproxima, o aroma de seu perfume lhe trás a imagem daqueles talcos finíssimos que encontraríamos em penteadeiras imperiais. A noite perfeita.
Corta.



Chegando em casa, pensa em jogar-se diretamente na cama mas lembra-se de 
uma caixa que ganhou onde há Pralinês e bombons de caramelo. Permite-se saborear sem culpa. Antes de finalmente entregar-se banha-se utilizando um sabonete de aroma verde-terroso e antes de deitar aplica um splash de baunilha. Surpreende-se com a mistura de aromas. Finalmente, os lençóis te abraçam com ternura. "

Conseguiu captar?

Então PRE-PA-RA que lá vem texto. Reiterando, a maneira como sinto o perfume pode diferir da sua, então, essa impressão é completamente pessoal. 

Para início de conversa, sempre tive uma certa birra com a Lancôme. Sim, eu conheço a qualidade inegável de seus produtos. Como disse, é birra, e por birra eu entendo como uma implicância boba. Na verdade, um dos seus mais famosos perfumes, Hypnose, não desce de jeito nenhum. Tentei gostar, provei o Eau de Toilette, consegui um decant do Eau de Parfum...não dá. Não gosto e ponto. Daí pensei...ah, mas tentarei outro da marca, vai que gosto. Hypnose senses. Não, não deu. Magnifique? Cruzes, odiei!!!

Então, fiquei com paúra de conhecer os demais perfumes, inclusive os clássicos como Miracle, Poême e Trésor. Tá, mereço um puxão de orelha. 

O intuito deste post vem da polêmica acerca desses dois perfumes aqui:



La Vie est Belle, de Lancôme e Royal Marina Diamond, de Princesse Marina de Bourbon.


A minha cara para os lançamentos
La Vie (chamarei assim, a íntima), como provavelmente você já sabe ( afinal, se está lendo o meu blog é porque adora perfumes) é um sucesso desde o seu lançamento e já vem sendo copiado por marcas espertas. Pensei....será este o MEU primeiro Lancôme? Resolvi pagar para ver. Como sabemos, a indústria da perfumaria designer visa o LUCRO, por isso a chuva de lançamentos incessantes, a maioria na mesma pegada, o que me deixa booring. Pensando nisso acabei, involuntariamente desenvolvendo uma "técnica" para driblar as frustrações: nem olho o que está sendo lançado. Espero passar a euforia do lançamento, vejo opiniões, leio resenhas a respeito daí penso em provar e quem sabe comprar.

E com La Vie foi exatamente assim. Lançado em 2012, causou furor e gritaria. Todos queriam, todos amavam. E eu só conseguia ler que era Floral Frutado Gourmand. 

Puxa, de novo? Só existe essa família para ser lançada? De alguns anos pra cá só me lançam essas águas frutadas! Porque não lançam chipres, ou orientais especiados, ou inventam alguma coisa como amadeirado frutal.  É, a escorpiana em mim já estava na fase rabugenta. Por isso deixei passar e esqueci o dito cujo. Apenas ficava naquela minha pesquisa pessoal. 

Eis que então a casa Marina de Bourbon me lança em 2013 o Royal Marina Diamond. A beleza do frasco chamou a minha atenção e também o fato de ser um perfume da família Oriental. Opa, felizmente não é mais um gourmand, pensei. 

Seguindo a minha lógica, esperei um tempo e continuei me informando sobre ele. E não é que começaram a pipocar pelos blogs, fóruns e grupos do facebook que ele era o clone do La Vie, mais democrático (por ser mais barato) e tão bom quanto. 

Era a deixa. Então, os adquiri, quase ao mesmo tempo.


La Vie est Belle





Vamos às notinhas do bonito:





Saída: Cassis, pera
Corpo: Íris, Jasmin, Flor de laranjeira
Fundo: Patchoui, Fava Tonka, Baunilha, Pralinê








Royal Marina Diamond





Notinhas do Royal Diamond: 






Saída: Toranja, Açaí
Corpo: Íris, Fava Tonka, Jasmin Sambac
Fundo: Baunilha, Almíscar, Copaíba






A saída: doce e frutal, bem espumante, quase ardida no La Vie e levemente mais discreta no Royal Diamond. Digamos que o lâncome grita mais ao primeiro spray. A toranja do Marina o torna menos doce. Mas só se nota isso ao coloca-los lado ao lado para analizar.

Corpo: Delicadas flores brancas atalcadinhas (a Íris é bem evidente em ambos) nadando em caramelo. No La Vie há a presença de flor de laranjeira mas esta é bem discreta (já que não curto essa flor em demasia). Aqui uma surpresa: Royal Diamond fica levemente mais caramelado que La Vie em sua evolução, provavelmente devido à nota de tonka presente no corpo e não na base. E este detalhe é importante porque influencia na sua projeção e longevidade (na minha pele, Marina projetou mais durante a evolução, o corpo).

O Fundo torna-se amedeirado-amendoado, bem confortável.

O VEREDICTO:

Analizando-os em detalhes, há sim diferenças. Usando-os separadamente, gente, NÃO HÁ como diferenciá-los. São quase gêmeos siameses. Provavelmente foi uma dentro da Casa Marina de Bourbon, aproveitando o hype do perfume da Lâncome lançando a sua versão. 

Portanto, se você já tem o La Vie, não precisa comprar o Royal Diamond. Seria mais do mesmo (a menos que você seja um colecionador, viciado e maluco, tipo eu).

Caso esteja sem recursos financeiros e gostaria de ter um perfume assim, vai no Royal Diamond. 

Tenho ambos hoje, e serei BEM sincera: Ficaria com o Royal Diamond.

Dâmaris fez uma resenha incrível do La Vie est Belle, passa lá para ler - Village Beauté

PS: O meu La Vie est Belle é o Eau de Parfum

Bjxxxx de K-Pax.

Fontes: Fragrantica, google, arquivo pessoal.